Assunto foi pauta na Reunião da Cogef-TI, rede que busca construir ações integrativas de tecnologia entre os fiscos do Brasil
As soluções de tecnologia para a implementação da Reforma Tributária foram destaque no primeiro dia da 65ª Reunião Ordinária da Comissão de Gestão Fazendária (Cogef). O encontro integra a programação da Semana Fazendária RS e busca promover o intercâmbio de ideias entre representantes de secretarias de Fazenda de todo o país interessados na modernização da gestão fiscal. As atividades começaram nesta segunda-feira (6), no Átrio do Farol Santander, em Porto Alegre, com a chamada Cogef-TI, um fórum direcionado a estimular ações integrativas de tecnologia da informação (TI) entre os fiscos do Brasil.
Na abertura do evento, o presidente da Cogef, Cristovam Cruz, superintendente de Gestão da Sefaz do Piauí, destacou a importância dessa rede de cooperação de TI. “Essa família vem debatendo temas relevantes desde 2018 e se torna ainda mais fundamental neste momento de Reforma Tributária, que requer união na construção de soluções”, avaliou. “Desejo que este evento traga boas opções para todos os estados brasileiros, pois este é o espírito da Cogef: integrar, compartilhar, socializar e gerar inovações para as administrações tributárias”, acrescentou.
Tirando a Reforma Tributária do papel
O arcabouço tecnológico do novo modelo tributário foi apresentado por André Renato Facchini (RS), Rogério Zupo Braga (MG), Bruno D`Albuquerque (MG) e Alexandre Siqueira (AM), todos integrantes do GT Tecnologia da Reforma Tributária. O superintendente de TI da Sefaz MG, Rogério Braga, explicou que, para absorver a complexidade dos novos fluxos que surgem com o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a TI vem atuando de forma muito próxima aos fóruns técnicos de formulação da reforma: “A gente está debatendo com bastante exaustão os processos, para que eles sejam traduzidos em sistemas da melhor forma possível”, enfatizou.
Os servidores relataram os principais avanços do grupo de trabalho e discutiram pontos de atenção referentes à segurança, à volumetria e à capilaridade dos sistemas. “Estamos falando de uma estrutura para rodar mais de 500 bilhões de documento fiscais por ano. Os desafios são imensos, mas vamos ter a primeira versão do ambiente disponível já em janeiro de 2026”, assegurou o presidente da Cogef-TI e diretor do Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação (Detic) da Sefaz RS, André Facchini.
Um dos protagonistas na missão de desenvolver os três principais sistemas da Reforma Tributária – os sistemas de arrecadação, de apuração e de distribuição -, o Rio Grande do Sul detalhou sua estrutura de TI. A abordagem foi conduzida por André Facchini, acompanhado de gestores de tecnologia de duas das três áreas de negócio da Sefaz RS, Adriana Kawai (Receita Estadual) e Gustavo Magalhães (Tesouro do Estado).
Durante sua fala, Facchini relembrou o pioneirismo gaúcho ao criar a Nota Fiscal Eletrônica e ressaltou o papel decisivo deste aprendizado na proposição dos novos sistemas. “Está no RS o ambiente autorizador de Documentos Fiscais Eletrônicos (DF-e), por meio do qual o Estado autoriza em média 48 milhões de documentos fiscais por dia para quase todas as unidades federativas do país. A Procergs tem usado muito o conhecimento deste ambiente para pensar as soluções da Reforma Tributária”, explicou.
Troca de experiências
Outra contribuição do Rio Grande do Sul no evento foi a apresentação do Cage Gerencial, uma solução de inteligência de dados aplicada ao controle e à auditoria da despesa pública do RS. O chefe da Divisão de Informações Estratégicas da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado, Celso Córdova Júnior, demonstrou as aplicações do sistema, que disponibiliza informações sobre despesas e receitas do Estado, com dados contábeis, financeiros e orçamentários consolidados em gráficos e relatórios. Segundo o auditor, o Cage Gerencial integra 20 diferentes bases de dados e é utilizado por mais de 500 gestores públicos. Ao permitir o tratamento vasto e célere de dados, a solução aumenta a eficiência na apuração de possíveis irregularidades e instrumentaliza uma gestão baseada em evidências.
O Estado anfitrião também dividiu com os demais participantes sua trajetória de inovação por meio do uso do DevSecOps (Desenvolvimento, Segurança e Operações). O chefe da Divisão de Projetos e Processos do Detic, Rodrigo Trevisan, esclareceu como esta ferramenta vem contribuindo para agregar segurança em todas as fases do ciclo de desenvolvimento de softwares na Sefaz RS.
A programação contou ainda com um case do estado de Minas Gerais. Bruno D´Albuquerque palestrou sobre a construção da jornada de inteligência artificial na Sefaz MG.
Também esteve em pauta o Farol Fazendário, uma iniciativa que busca aprimorar a gestão do conhecimento entre os membros da Cogef-TI. Trata-se de ambiente tecnológico para que todos os estados compartilhem soluções implementadas com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A novidade foi exposta pela gerente-geral de TI da Sefaz PE, Danielle Campello, que anunciou que a primeira versão do repositório será disponibilizada já em novembro.
A agenda continua
O objetivo da Cogef-TI é fomentar a troca de conhecimento e a formulação de ações colaborativas e inovadoras entre as áreas de TI dos fiscos dos estados e do DF. Sob presidência da Sefaz RS, o colegiado vem buscando impulsionar pautas estratégicas, como a segurança da informação, o apoio tecnológico à Reforma Tributária e o desenvolvimento conjunto das secretarias de Fazenda para o maior uso de inteligência artificial e Analytics nas suas atividades.
A reunião da Cogef-TI abriu a segunda etapa da Semana Fazendária, que segue até o dia 10 de outubro mobilizando importantes debates da área fiscal em solo gaúcho. A 65º Reunião Ordinária da Cogef se estende até quarta-feira (8), dia em que começam também as reuniões do Grupo de Desenvolvimento do Servidor Fazendário (GDFAZ) e do Grupo Nacional de Educação Fiscal.
Coordenada pelo Secretaria da Fazenda e pelo Comitê Nacional de Secretários de Fazenda (Comsefaz), a Semana Fazendária tem apoio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, do Banrisul, do Itaú, do Serpro, da Vero e de outros parceiros.